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8 de janeiro de 2011

O Camarim

Seu scarpin vermelho com passos barulhentos adentraram a sala, os olhos dos alunos que focavam seus pés logo subiram para a cintura fina e bem desenhada ,vestido vermelho, subiram um pouco mais avistava-se cabelos longos pretos cacheados, pele alva, e olhos negros como a escuridão. Nunca se vira tão bela figura no interior da escola. O silêncio que tomara a sala naquele momento rapidamente transformou-se em burburinhos. Os alunos estavam incrédulos, as meninas logo a invejaram e os meninos tentavam aparecer de todas as maneiras.

Com elegância pegou o piloto e escreveu seu nome no quadro “Luna” . Fitando-nos respirou fundo e disse : - Sou a professora de Matemática de vocês. Ela parecia me olhar individualmente, parecia entender minha desconfiança. Perdida no silencio disse outra frase: - Querem me agradar? Tragam-me rosas vermelhas e tirem boas notas.

Não demorou muito, os meninos já estavam combinando quem teria coragem de levar a primeira rosa. E o corasojo Pedro que costumava paquerar todas as meninas que cruzavam suas vistas , foi o primeiro.

No dia seguinte Luna estava com a mesma roupa, mas possuía um ar mais sombrio. Pedro esperou a aula acabar e todos saírem da sala, ficaram apenas ele e a bela professora tirando duvidas sobre a matéria. Eu havia esquecido meu estojo na sala e tive que voltar para buscá-lo. Então, vi , Pedro entregando uma rosa para ela. Ela o chamou para algum lugar após eu ter saído da sala, pensara ela que eu já estava longe dali. Bem, não seria normal um aluno sair com uma professora, eu fiquei preocupada afinal tinha uma queda por Pedro. Não gostaria que nada de mal acontecesse com ele. Resolvi segui-los, não precisei de muito. Pedro ficou no Pátio um longo tempo, até a escola ficar quase vazia, quase no turno da noite. Ela entrou na sala dos professores. Pedro olhava inquietamente o relógio, até que ele se levantou e seguiu andando até uma porta onde está escrito “Camarim” no 2° andar. Entrou e logo atrás veio Luna. Eu não pude entrar. Prefiro não imaginar o que ocorrera ali dentro.

Mais um dia, não teríamos aulas da exuberante professora naquele dia. Pedro não apareceu nas aulas, os meninos comentavam que não haviam visto ela. Luna sempre chegava cedo, e provocava olhares onde passava.

Logo, a inspetora entrou na sala e avisou que teríamos que assistir a um evento no auditório, ela achava que seria uma palestra mas não tinha certeza. Sentei-me na primeira fileira, palhaços e uma moça igualmente bela como a professora apareceram no palco, a moça possuia cabelos curtos, lisos e loiros. Seu sorriso parecia-me familiar. Encarava-me um dos palhaços que possuía uma pinta na testa. Parecia que eu estava vendo alguém conhecido na minha frente... demorei, mas percebi. Era Pedro! A mulher piscou para mim no exato momento em que me viu estagnada e espantada. Era ela, a professora e Pedro. O rosto de Pedro estava com cicatrizes cobertas de maquiagem o que tornara sua face macabra. Fizeram o espetáculo, e no final pétalas de rosas vermelhas caíram sobre o palco. Assim que o show de horrores terminou eu corri, todos entraram no camarim e trancaram a porta. Eu tentava abri-la, o Diretor que me viu quase arrombando a porta me deu uma bronca e me mandou para o pátio.

Na semana seguinte, notou-se a falta de vários alunos, todos homens. E a falta de Luna.

A cada aluno que sumira uma desculpa foi dada, faleceu, se mudou, teve que começar a trabalhar, ficou rico, está doente etc. O fato é que nenhum deles retornou a escola. E Luna? Luna teve que mudar de país pois, sua filha que morava com o pai na Alemanha se encontrava gravemente doente. Essa foi a desculpa.

O assunto foi encerrado e eu nunca disse o que vira. Porque no mesmo dia do acontecimento eu cheguei em casa abri a mochila e lá estava... uma rosa vermelha.

De: Ange Lyn

2 comentários:

  1. Como gostaria de ter descoberto o conto de vocês em quanto estudava lá... muito bons.

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  2. Caraca, muito bom, estou pensando em fazer um site, semelhante a esse para minha escola! Tipo, vcs duas são ótimas! Parabéns! Até o próximo conto!

    Laura Rodri.

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