Sabe-se somente que ele foi construído em 1918 e nada mais.
Eu tenho minhas desconfianças. Na verdade eu sei, mas já digo que é um completo absurdo
"Meus avós estudaram no Liceu no ano de 1945. Eles diziam que era o melhor colégio da região e que só estudava quem realmente sabia! Bom, eu era pequena na época em que eles contavam essas histórias para os meus irmãos e acabei criando um amor platônico pela escola. Quando terminei a 8ª série não tive dúvida de em qual colégio iria estudar. Me matriculei no Liceu e consegui uma tão sonhada vaga.
Fui contar aos meus avós, com um sorriso enorme e uma empolgação de dar inveja. Eles, entretanto, me olharam com um olhar de medo e disseram:
- Por que você fez isso? Eu disse que aquele colégio tinha sido bom mas, só no conteúdo! Minha neta, aquele lugar é o verdadeiro inferno.
- Vó! A senhora está exagerando. Não é bem assim. Dizem que o colégio é legal. Muito legal!!
Minha avó me olhou com um olhar distante, ela parecia estar agoniada com alguma coisa, uma lágrima rolou do seu olho esquerdo e ela enfim falou:
- Minha neta, eu não queria que você passasse por tudo que eu passei naquele colégio eu vi de tudo mas, o que mais me impressionou foi a história da menina de cabelos castanhos.
-Ela era sua amiga vó?
- Não, não! Longe disso. Ela era um tipo de fantasma. Não que eu acredite neles, mas ela podia ser qualquer coisa, menos humana.
Eu comecei a pensar se minha avó estava ficando caduca. Ela nunca havia dito nada sobre fantasmas para mim e tampouco para meus irmãos. Incrédula eu perguntei:
- E por que a senhora acha isso?
- Eu vou lhe contar toda a história, só espero que não fique com medo.
Eu fiz a prova de seleção para ver se eu era "digna" de estudar num colégio que, na época, era tão reconhecido. Essa tal prova era feita num auditório onde cabiam mais ou menos 500 pessoas. Eu comecei a minha prova e ouvi um "psiu" ao meu lado, pensei que algo meu tivesse caído e olhei para ver o que era, na verdade era uma menina de longos cabelos castanhos e olhos verdes, ela me perguntou se eu sabia a questão 3; eu nunca fui de dar respostas de graça para os outros e simplesmente ignorei. Ela continuava me olhando, parecia não entender o porquê de eu não querer lhe dar a resposta.Continuei minha prova e fui embora sem nem olhar para a menina.
No dia do resultado ela estava lá, olhando a tabela de nomes, ela me olhou com ironia e disse:
- Eu passei, e olha que nem precisei de resposta sua!
Eu fiquei impaciente, já estava nervosa e com medo de não ter passado, então, respondi com raiva:
- Duvido que uma menina burra como você tenha passado.
Ela se enfureceu e levou seu dedo até um nome, aquele era o dela.
Manuella Visstera de Mare.
Aquele nome era completamente desconhecido, na verdade acho que ninguém nunca o teve, mas mesmo assim, tive que engolir o fato de que ela realmente havia passado, já chateada procurei meu nome, o achei e fui embora, um pouco mais feliz.
Cheguei em casa e contei a novidade para todos, eles deram uma festa e duas semanas depois as aulas começaram.
Minha turma era composta pelos alunos que conseguiram as maiores notas na prova, tente adivinhar quem também estava lá! Manuella!!
Ignorei e me sentei na cadeira que estava no canto, sentei atrás do seu avô, sem nem saber no que ele se tornaria.
A aula começou e eu peguei meu material, na hora em que abri a pasta meu lápis caiu e rolou até debaixo de uma cadeira, Vitor, seu avô, se abaixou para pegar mas, a mão dele se encontrou com a de Manuella, ele pareceu não ter percebido e me entregou o lápis, eu agradeci e olhei novamente para o lado, sim ela estava lá, e o pior é que Vitor não a viu, ou fingiu que não.
O sinal bateu e eu me apressei para sair da sala, acabei batendo nela e pedi desculpas, Vitor se virou e perguntou a quem eu havia pedido desculpas se não havia ninguém ao meu lado. Eu olhei para o meu lado e ela estava lá sorrindo perguntei à Vitor se ele não estava vendo a menina de cabelos castanhos e olhos verdes ao meu lado e ele me abraçou pelos ombros e me tirou da sala, eu estava tonta e ele me levou até minha casa.
No dia seguinte eu prestei atenção na chamada e percebi que não havia nenhuma Manuella na lista. Suei frio e resolvi que ia falar com ela.
A aula acabou e eu fiquei na sala, estranhamente, ela também ficou! Eu esperei que todos saíssem e fui até a mesa onde ela estava desenhando algo, toquei em seu ombro e senti um calafrio que ia do cabelo à planta dos pés, resolvi que não teria medo e perguntei porque só eu a via, ela me respondeu que era invisível.
Perguntei o porque de tudo isso e ela me disse que era porque estava precisando da minha ajuda.
Ficamos em silêncio por algum tempo, eu não queria ajudá-la, mas eu sentia dentro de mim uma vontade enorme em ajudar aquela pobre garota, ou fantasma, não sei dizer ao certo.
Eu disse que a ajudaria e um sorriso brotou em seu rosto, só aí que eu percebi que ela não era tão bonita assim, na verdade ela tinha rugas, algo que não é muito comum em garotas de quinze anos.
Ela disse que iríamos ao refeitório porque ela tinha que me mostrar uma coisa.
Eu não disse nada, simplesmente a acompanhei até lá.
Não havia ninguém lá dentro da cozinha e nós entramos. Manuella pegou uma concha e tirou de dentro da panela um osso enorme, ela me perguntou:
- Com o quê isso parece?
Eu olhei e olhei, até que respondi:
- Com um osso humano, mas é claro que não é, seria um ...
Ela me interrompeu dizendo:
- É isso mesmo!
Eu a olhei sem acreditar, ela não parecia estar mentindo, eu perguntei:
- Mas, como?
- A escola está passando por uma "crise" e não está recebendo dinheiro para a comida, o jeito é usar carne humana.
Aquilo me deu um enjoo muito forte, tonteira, náusea, eu nem sabia mais o que estava sentindo.
Ela me mandou ser forte porque iria me contar toda a história da escola.
Fomos até uma mesinha branca e ela me disse muitas coisas, as que me lembro são: "o colégio foi construído em cima de um cemitério, inúmeras almas estão presas aqui inclusive a minha, eu consegui me libertar para pedir ajuda. Você tem que me desenterrar e desenterrar também as outras pessoas que foram massacradas para que esse colégio pudesse existir."
Era maluquice demais. Quem iria matar pessoas e enterrá-las no terreno onde construiria uma escola? E como eu podia estar falando com uma alma, ou espírito?
Estando eu maluca ou não, resolvi ajudar aquela menina, ela não tinha culpa mas, antes nós duas jogamos fora toda carne humana da cozinha. =@
Ela me levou até o jardim que há no meio da escola e disse:
- É aqui! Os corpos estão aqui! Volte aqui amanhã com uma pá, eu estarei lhe esperando na sala.
Eu fui para casa e no dia seguinte eu fui para a escola com uma pá dentro da pasta, no caminho para o jardim eu esbarrei com Vitor e a pá caiu, ele me olhou com cara de dúvida e eu lhe contei toda a história, no começo ele riu mas, depois ele topou cavar o jardim comigo.
Resolvemos que cavaríamos quando todos saíssem da escola.
Quando todo mundo já havia saído nós dois começamos a cavar e ele a dizer que aquilo era loucura, ele só parou de falar quando encontrou ossos em decomposição, eram pequenos e cheiravam muitíssimo mal, ele me olhou e pálido continuou a cavar.
Quando todo o jardim já estava cavado Manuella apareceu dizendo que havíamos feito um bom trabalho e que agora ela estava livre.
Eu perguntei se havia mais algum corpo e Manuella me respondeu:
- Alguns foram misturados aos tijolos e estão em toda a estrutura desse colégio.
Nas paredes, no teto, em todo lugar há um pouco da origem dessa escola. Se eu fosse vocês tomaria cuidado, há sempre alguém nos olhando, seja para pedir ajuda ou para se vingar.
- E como libertamos as almas que estão presas na estrutura? - eu perguntei.
- Elas só se libertarão se o Liceu cair completamente, e mesmo assim elas ficaram vagando pelo colégio pois não foram salvas pelas mãos de um casal com bom coração.
Eu senti medo, mas Vitor estava ao meu lado e segurou minha mão, aquilo me reconfortou. A partir daquele dia nós começamos a namorar e estamos juntos até hoje.
Ele não sabe de absolutamente tudo, ele só viu Manuella no dia em que fomos libertá-la, ele também não sabe da carne humana. São coisas que fazem parte da história do Liceu e não há como mudar. As almas continuam lá, atormentando as pessoas"
E agora minha neta? Já entendeu porque eu não queria que você fosse estudar lá?
Eu estava impressionada, nunca havia escutado uma história como essa e minha vó nunca mentiria para mim.
Olhei para o alto e lá estava um reflexo de uma menina com cabelos castanhos, não consegui ver a cor dos olhos mas, ela fazia 'não' com a cabeça.
Olhei para minha vó e a única coisa que consegui dizer foi:
- Não posso fazer nada, as aulas começam amanhã!
Lágrimas brotaram no rosto da minha vó, essas eram de tristeza, as que rolaram pelo meu rosto eram de medo, puro medo!
Giullianna Drukleim
Ps: O conto é uma coisa fictícia. Não quer dizer que haja carne humana na comida do Liceu. Você pode comer a vontade e sem medo! =)
Paraaaaaabéns!
ResponderExcluirPerfeito ♥
Se superando sempre, essa é a formula do sucesso! Mais uma vez meninas... Parabéns!
ResponderExcluirVcs já pensaram fazer essas histórias, tornarem um pequeno filme ou um tocumentário
ResponderExcluirEssa história "A Origem" é perfeita. Várias pessoas que estudaram ou estudam interessaria conhecer essas história visualmente.