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20 de janeiro de 2011

O Grande Vilão

Não tenho uma história fantástica ou assustadora.
Eu só queria contar o pouco que sei.

Eu entrei no colégio em 2010. Peguei uma turma boa onde todos eram estranhos, na verdade eu também era uma estranha. Usava óculos gigantes, vivia com o cabelo preso numa trança, usava aparelho nos dentes e estava, digamos que, acima do peso. Eu era a verdadeira "patinha feia", mas ninguém podia negar o quanto eu era inteligente. Eu vim de um colégio particular, não pude continuar lá porque meus pais se separaram e meu pai se recusou a continuar pagando a escola. Não liguei muito; aceitei ir para o tal Liceu Nilo Peçanha.
Mas, querendo ou não, eu ainda era metida a riquinha e no primeiro dia de aula eu não consegui me identificar com ninguém. Fiquei apenas olhando, observando as pessoas, até que um menino me chamou a atenção. Ele era mediano, nem alto nem baixo, tinha cabelos cacheados cortados num pequeno "black", tinha olhos verdes e a pele mais bem cuidada que eu já vi. Mas, não foi a beleza física dele que me chamou a atenção e sim o fato de um menino bonito como ele estar andando sozinho. No meu caso era compreensível, ninguém queria andar com uma menina tão feia, mas e no dele? O que fazia ele andando sozinho?
Bom, eu não consegui a resposta que queria. O sinal tocou e passos apressados ecoavam no corredor. Várias pessoas falando ao mesmo tempo, outras esbarrando em você. Eu estava decidida que no dia seguinte só entraria depois que todos já tivessem entrado.

No outro dia eu teria Educação Física nos primeiros tempos e resolvi matar.
Sentei numa mesinha de cimento e fiquei lendo meu livro favorito "Contos do Liceu" de Ange Lyn e Giullianna Drukleim. Eu achava aquelas histórias o máximo e elas me faziam conhecer mais sobre o Liceu.
Estava tão concentrada no livro que nem percebi que o tal menino havia se sentado na minha mesa. De repente ouvi sua voz dizendo:
- Está gostando do livro?
Sim, era ele! Estava sentado à minha frente com um sorriso encantador no rosto.
- Bom, eu ganhei este livro ontem da minha prima e ele já é o meu favorito. - respondi.
- Realmente os contos são bons, só há algo que os estraga!
- O quê?- Perguntei, já abaixando o livro e o encarando com ar de curiosidade.
- Elas nunca revelam o nome do "vilão". O nome da pessoa que faz todas as maldades!
- Deixe de ser louco! São contos! Histórias que elas inventam, sendo assim elas colocam o nome de quem bem entenderem.

Ele me olhou com ironia, eu senti meu coração palpitar, aquilo não era bom sinal. Tentei me levantar e ir embora mas ele, com sua mão, me fez sentar novamente, como faz um mágico, e eu, como que controlada por ele, tornei a me sentar e fiquei presa na cadeira de cimento.
Ele disse:
- Onde vai com tanta pressa? Ainda nem terminei de falar!
- Mas, como? Eu não consigo me mexer!
- Bobinha! Eu só quero te contar os detalhes de cada conto, já que eu sou o "vilão" de todos eles!!
- Você é maluco, isso sim!
- Ah, sou? Pois bem, minha pequena. Quando o Liceu foi fundado eu já estava aqui. Eu vi crianças como você escavando o pátio a procura de ossos, eu vi pessoas sendo presas no espelho do banheiro, vi Paulo Roberto se tornando diretor, vi bíblias definindo profissões, vi um menino matar uma moça para não passar o Ano Novo sozinho, e todos os outros contos que essas meninas escreveram. Na verdade eu fui o menino assassino, eu fui a vampira, eu fui o líder dos repetentes, fui monstros, fui professores, e tudo mais.
- Mas, como? Você é lindo! Se parece com um anjo! - disse eu.
- Pois é! No próximo conto eu serei um anjo. Mas, eu não queria. Elas, Giullianna e Ange Lyn, me obrigam!
- Como?
- Sabe, um dia eu estava vagando pelo Liceu e vi duas meninas, que pareciam ser muito amigas, conversando em uma mesinha como essa. Elas estavam com uma folha de papel sobre a mesa e uma delas anotava coisas, coisas pelas quais elas decidiam detalhe por detalhe, parecia que elas estavam escrevendo uma história. Cheguei mais perto e a menina que estava com a caneta na mão percebeu e logo tampou a folha com o braço. A outra menina disfarçou e as duas esperaram um tempo até que eu "desaparecesse". Elas não sabiam que eu estava escondido esperando um momento de distração. Quando elas se distraíram eu corri e peguei o papel. Continuei correndo com a folha nas mãos até que elas me perderam de vista. Quando terminei de ler eu fui levado automaticamente para a cena do conto e tive que fazer tudo que estava escrito naquela folha. Não por vontade própria, mas porque algo me obrigava. Quando aquela história acabou eu percebi que havia mudado de forma e que já estava em outro conto. Isso acontecia todos os dias, direto, até que um dia elas não escreveram. Sai para procurá-las e escutei a rádio anunciando um novo conto. Ouvi burburinhos sobre um tal Blog e fantasmas e quando enfim as achei perguntei desesperado o que elas estavam fazendo comigo.
Elas me olharam com cara de que nada estavam entendendo e eu desesperado me sentei na mesa delas e vi uma página, ainda incompleta, com um novo conto.
As letras me chamaram a atenção, elas eram de um dourado que me hipnotizava. Pedi para ver a caneta e uma delas me mostrou. Sim, era aquilo! A caneta era a culpada! Expliquei que aquela caneta era amaldiçoada por uma bruxa e que eu teria que fazer tudo que aquela caneta escrevesse. Tentei num ato desesperado puxar a caneta da mão dela, mas a outra tentou ajudar a amiga e a caneta acabou estourando nas mãos das duas. Agora ela tem uma certa " magia" no DNA delas. Não importa com que lápis, caneta ou hidrocor ela escrevam eu sou obrigado a obedecer tudo o que aquelas mentes criam.
Quer saber o pior? Não levo mérito algum nisso tudo! Estou presente em todas as histórias e ninguém nunca sabe ao menos meu nome.
Queria aparecer pelo menos uma vez na "participação especial". Se isso acontecesse eu seria o vilão malvado mais feliz do mundo!
Agora tenho que ir. Aquelas mentes criativas nunca cansam, e agora, depois de toda a maldade que eu fiz elas querem que eu seja um anjo! Bom, não posso falar mais, o próximo conto me chama...


E da mesma maneira que ele surgiu ele desapareceu. Eu percebi que não estava mais presa na cadeira e a rádio anunciava um novo conto "O Anjo da Guarda". Senti medo, alegria, terror! Mas, até agora não entendo de onde vem a criatividade dessas meninas!!
Bom, pelo menos uma coisa eu já sei, naquele colégio não piso nunca mais!

De: Giullianna Drukleim
*Participação Especial: Getúlio Lopes, o Grande Vilão.

8 de janeiro de 2011

O Camarim

Seu scarpin vermelho com passos barulhentos adentraram a sala, os olhos dos alunos que focavam seus pés logo subiram para a cintura fina e bem desenhada ,vestido vermelho, subiram um pouco mais avistava-se cabelos longos pretos cacheados, pele alva, e olhos negros como a escuridão. Nunca se vira tão bela figura no interior da escola. O silêncio que tomara a sala naquele momento rapidamente transformou-se em burburinhos. Os alunos estavam incrédulos, as meninas logo a invejaram e os meninos tentavam aparecer de todas as maneiras.

Com elegância pegou o piloto e escreveu seu nome no quadro “Luna” . Fitando-nos respirou fundo e disse : - Sou a professora de Matemática de vocês. Ela parecia me olhar individualmente, parecia entender minha desconfiança. Perdida no silencio disse outra frase: - Querem me agradar? Tragam-me rosas vermelhas e tirem boas notas.

Não demorou muito, os meninos já estavam combinando quem teria coragem de levar a primeira rosa. E o corasojo Pedro que costumava paquerar todas as meninas que cruzavam suas vistas , foi o primeiro.

No dia seguinte Luna estava com a mesma roupa, mas possuía um ar mais sombrio. Pedro esperou a aula acabar e todos saírem da sala, ficaram apenas ele e a bela professora tirando duvidas sobre a matéria. Eu havia esquecido meu estojo na sala e tive que voltar para buscá-lo. Então, vi , Pedro entregando uma rosa para ela. Ela o chamou para algum lugar após eu ter saído da sala, pensara ela que eu já estava longe dali. Bem, não seria normal um aluno sair com uma professora, eu fiquei preocupada afinal tinha uma queda por Pedro. Não gostaria que nada de mal acontecesse com ele. Resolvi segui-los, não precisei de muito. Pedro ficou no Pátio um longo tempo, até a escola ficar quase vazia, quase no turno da noite. Ela entrou na sala dos professores. Pedro olhava inquietamente o relógio, até que ele se levantou e seguiu andando até uma porta onde está escrito “Camarim” no 2° andar. Entrou e logo atrás veio Luna. Eu não pude entrar. Prefiro não imaginar o que ocorrera ali dentro.

Mais um dia, não teríamos aulas da exuberante professora naquele dia. Pedro não apareceu nas aulas, os meninos comentavam que não haviam visto ela. Luna sempre chegava cedo, e provocava olhares onde passava.

Logo, a inspetora entrou na sala e avisou que teríamos que assistir a um evento no auditório, ela achava que seria uma palestra mas não tinha certeza. Sentei-me na primeira fileira, palhaços e uma moça igualmente bela como a professora apareceram no palco, a moça possuia cabelos curtos, lisos e loiros. Seu sorriso parecia-me familiar. Encarava-me um dos palhaços que possuía uma pinta na testa. Parecia que eu estava vendo alguém conhecido na minha frente... demorei, mas percebi. Era Pedro! A mulher piscou para mim no exato momento em que me viu estagnada e espantada. Era ela, a professora e Pedro. O rosto de Pedro estava com cicatrizes cobertas de maquiagem o que tornara sua face macabra. Fizeram o espetáculo, e no final pétalas de rosas vermelhas caíram sobre o palco. Assim que o show de horrores terminou eu corri, todos entraram no camarim e trancaram a porta. Eu tentava abri-la, o Diretor que me viu quase arrombando a porta me deu uma bronca e me mandou para o pátio.

Na semana seguinte, notou-se a falta de vários alunos, todos homens. E a falta de Luna.

A cada aluno que sumira uma desculpa foi dada, faleceu, se mudou, teve que começar a trabalhar, ficou rico, está doente etc. O fato é que nenhum deles retornou a escola. E Luna? Luna teve que mudar de país pois, sua filha que morava com o pai na Alemanha se encontrava gravemente doente. Essa foi a desculpa.

O assunto foi encerrado e eu nunca disse o que vira. Porque no mesmo dia do acontecimento eu cheguei em casa abri a mochila e lá estava... uma rosa vermelha.

De: Ange Lyn

7 de janeiro de 2011

Liceu - A Origem.

Alguém tem noção do que era o Liceu antes dele se tornar um colégio?
Sabe-se somente que ele foi construído em 1918 e nada mais.
Eu tenho minhas desconfianças. Na verdade eu sei, mas já digo que é um completo absurdo

"Meus avós estudaram no Liceu no ano de 1945. Eles diziam que era o melhor colégio da região e que só estudava quem realmente sabia! Bom, eu era pequena na época em que eles contavam essas histórias para os meus irmãos e acabei criando um amor platônico pela escola. Quando terminei a 8ª série não tive dúvida de em qual colégio iria estudar. Me matriculei no Liceu e consegui uma tão sonhada vaga.
Fui contar aos meus avós, com um sorriso enorme e uma empolgação de dar inveja. Eles, entretanto, me olharam com um olhar de medo e disseram:
- Por que você fez isso? Eu disse que aquele colégio tinha sido bom mas, só no conteúdo! Minha neta, aquele lugar é o verdadeiro inferno.
- Vó! A senhora está exagerando. Não é bem assim. Dizem que o colégio é legal. Muito legal!!
Minha avó me olhou com um olhar distante, ela parecia estar agoniada com alguma coisa, uma lágrima rolou do seu olho esquerdo e ela enfim falou:
- Minha neta, eu não queria que você passasse por tudo que eu passei naquele colégio eu vi de tudo mas, o que mais me impressionou foi a história da menina de cabelos castanhos.
-Ela era sua amiga vó?
- Não, não! Longe disso. Ela era um tipo de fantasma. Não que eu acredite neles, mas ela podia ser qualquer coisa, menos humana.
Eu comecei a pensar se minha avó estava ficando caduca. Ela nunca havia dito nada sobre fantasmas para mim e tampouco para meus irmãos. Incrédula eu perguntei:
- E por que a senhora acha isso?
- Eu vou lhe contar toda a história, só espero que não fique com medo.
Eu fiz a prova de seleção para ver se eu era "digna" de estudar num colégio que, na época, era tão reconhecido. Essa tal prova era feita num auditório onde cabiam mais ou menos 500 pessoas. Eu comecei a minha prova e ouvi um "psiu" ao meu lado, pensei que algo meu tivesse caído e olhei para ver o que era, na verdade era uma menina de longos cabelos castanhos e olhos verdes, ela me perguntou se eu sabia a questão 3; eu nunca fui de dar respostas de graça para os outros e simplesmente ignorei. Ela continuava me olhando, parecia não entender o porquê de eu não querer lhe dar a resposta.Continuei minha prova e fui embora sem nem olhar para a menina.
No dia do resultado ela estava lá, olhando a tabela de nomes, ela me olhou com ironia e disse:
- Eu passei, e olha que nem precisei de resposta sua!
Eu fiquei impaciente, já estava nervosa e com medo de não ter passado, então, respondi com raiva:
- Duvido que uma menina burra como você tenha passado.
Ela se enfureceu e levou seu dedo até um nome, aquele era o dela.
Manuella Visstera de Mare.
Aquele nome era completamente desconhecido, na verdade acho que ninguém nunca o teve, mas mesmo assim, tive que engolir o fato de que ela realmente havia passado, já chateada procurei meu nome, o achei e fui embora, um pouco mais feliz.
Cheguei em casa e contei a novidade para todos, eles deram uma festa e duas semanas depois as aulas começaram.
Minha turma era composta pelos alunos que conseguiram as maiores notas na prova, tente adivinhar quem também estava lá! Manuella!!
Ignorei e me sentei na cadeira que estava no canto, sentei atrás do seu avô, sem nem saber no que ele se tornaria.
A aula começou e eu peguei meu material, na hora em que abri a pasta meu lápis caiu e rolou até debaixo de uma cadeira, Vitor, seu avô, se abaixou para pegar mas, a mão dele se encontrou com a de Manuella, ele pareceu não ter percebido e me entregou o lápis, eu agradeci e olhei novamente para o lado, sim ela estava lá, e o pior é que Vitor não a viu, ou fingiu que não.
O sinal bateu e eu me apressei para sair da sala, acabei batendo nela e pedi desculpas, Vitor se virou e perguntou a quem eu havia pedido desculpas se não havia ninguém ao meu lado. Eu olhei para o meu lado e ela estava lá sorrindo perguntei à Vitor se ele não estava vendo a menina de cabelos castanhos e olhos verdes ao meu lado e ele me abraçou pelos ombros e me tirou da sala, eu estava tonta e ele me levou até minha casa.
No dia seguinte eu prestei atenção na chamada e percebi que não havia nenhuma Manuella na lista. Suei frio e resolvi que ia falar com ela.
A aula acabou e eu fiquei na sala, estranhamente, ela também ficou! Eu esperei que todos saíssem e fui até a mesa onde ela estava desenhando algo, toquei em seu ombro e senti um calafrio que ia do cabelo à planta dos pés, resolvi que não teria medo e perguntei porque só eu a via, ela me respondeu que era invisível.
Perguntei o porque de tudo isso e ela me disse que era porque estava precisando da minha ajuda.
Ficamos em silêncio por algum tempo, eu não queria ajudá-la, mas eu sentia dentro de mim uma vontade enorme em ajudar aquela pobre garota, ou fantasma, não sei dizer ao certo.
Eu disse que a ajudaria e um sorriso brotou em seu rosto, só aí que eu percebi que ela não era tão bonita assim, na verdade ela tinha rugas, algo que não é muito comum em garotas de quinze anos.
Ela disse que iríamos ao refeitório porque ela tinha que me mostrar uma coisa.
Eu não disse nada, simplesmente a acompanhei até lá.
Não havia ninguém lá dentro da cozinha e nós entramos. Manuella pegou uma concha e tirou de dentro da panela um osso enorme, ela me perguntou:
- Com o quê isso parece?
Eu olhei e olhei, até que respondi:
- Com um osso humano, mas é claro que não é, seria um ...
Ela me interrompeu dizendo:
- É isso mesmo!
Eu a olhei sem acreditar, ela não parecia estar mentindo, eu perguntei:
- Mas, como?
- A escola está passando por uma "crise" e não está recebendo dinheiro para a comida, o jeito é usar carne humana.
Aquilo me deu um enjoo muito forte, tonteira, náusea, eu nem sabia mais o que estava sentindo.
Ela me mandou ser forte porque iria me contar toda a história da escola.
Fomos até uma mesinha branca e ela me disse muitas coisas, as que me lembro são: "o colégio foi construído em cima de um cemitério, inúmeras almas estão presas aqui inclusive a minha, eu consegui me libertar para pedir ajuda. Você tem que me desenterrar e desenterrar também as outras pessoas que foram massacradas para que esse colégio pudesse existir."
Era maluquice demais. Quem iria matar pessoas e enterrá-las no terreno onde construiria uma escola? E como eu podia estar falando com uma alma, ou espírito?
Estando eu maluca ou não, resolvi ajudar aquela menina, ela não tinha culpa mas, antes nós duas jogamos fora toda carne humana da cozinha. =@
Ela me levou até o jardim que há no meio da escola e disse:
- É aqui! Os corpos estão aqui! Volte aqui amanhã com uma pá, eu estarei lhe esperando na sala.
Eu fui para casa e no dia seguinte eu fui para a escola com uma pá dentro da pasta, no caminho para o jardim eu esbarrei com Vitor e a pá caiu, ele me olhou com cara de dúvida e eu lhe contei toda a história, no começo ele riu mas, depois ele topou cavar o jardim comigo.
Resolvemos que cavaríamos quando todos saíssem da escola.
Quando todo mundo já havia saído nós dois começamos a cavar e ele a dizer que aquilo era loucura, ele só parou de falar quando encontrou ossos em decomposição, eram pequenos e cheiravam muitíssimo mal, ele me olhou e pálido continuou a cavar.
Quando todo o jardim já estava cavado Manuella apareceu dizendo que havíamos feito um bom trabalho e que agora ela estava livre.
Eu perguntei se havia mais algum corpo e Manuella me respondeu:
- Alguns foram misturados aos tijolos e estão em toda a estrutura desse colégio.
Nas paredes, no teto, em todo lugar há um pouco da origem dessa escola. Se eu fosse vocês tomaria cuidado, há sempre alguém nos olhando, seja para pedir ajuda ou para se vingar.
- E como libertamos as almas que estão presas na estrutura? - eu perguntei.
- Elas só se libertarão se o Liceu cair completamente, e mesmo assim elas ficaram vagando pelo colégio pois não foram salvas pelas mãos de um casal com bom coração.
Eu senti medo, mas Vitor estava ao meu lado e segurou minha mão, aquilo me reconfortou. A partir daquele dia nós começamos a namorar e estamos juntos até hoje.
Ele não sabe de absolutamente tudo, ele só viu Manuella no dia em que fomos libertá-la, ele também não sabe da carne humana. São coisas que fazem parte da história do Liceu e não há como mudar. As almas continuam lá, atormentando as pessoas"

E agora minha neta? Já entendeu porque eu não queria que você fosse estudar lá?

Eu estava impressionada, nunca havia escutado uma história como essa e minha vó nunca mentiria para mim.

Olhei para o alto e lá estava um reflexo de uma menina com cabelos castanhos, não consegui ver a cor dos olhos mas, ela fazia 'não' com a cabeça.
Olhei para minha vó e a única coisa que consegui dizer foi:
- Não posso fazer nada, as aulas começam amanhã!


Lágrimas brotaram no rosto da minha vó, essas eram de tristeza, as que rolaram pelo meu rosto eram de medo, puro medo!


Giullianna Drukleim


Ps: O conto é uma coisa fictícia. Não quer dizer que haja carne humana na comida do Liceu. Você pode comer a vontade e sem medo! =)