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5 de fevereiro de 2010

Karlus Bã

O sinal nem havia tocado, mas, Carlos Ban já estava em sala. Como sempre!
Como se já não bastasse ver aqueles filmes entediantes de Giuseppina, tínhamos que entrar na sala dar de cara com aquela "visão do inferno”: Carlos Ban - nosso professor de filosofia - escrevendo na lousa.
Como que de costume nós copiávamos toda a matéria, ele dava um chocolate suíço para Priscila, ela dividia com a gente e depois íamos embora.
Porém, nesta sexta-feira foi diferente...
Ingrid e Giuseppina haviam faltado - para a alegria geral da nação - e Ban iria adiantar a aula para nossa turma.
Quando a aula acabou não tínhamos nada para fazer, afinal, nem oito horas da manhã era, decidimos ficar na frente da escola, olhando a rua.
Alguns minutos depois, o carro de Ban saiu da garagem e resolvemos segui-lo.
Andamos disfarçadamente atrás do carro e o fato dele dirigir extremamente devagar ajudou muito.
Depois de mais ou menos 15 minutos andando ele parou o carro na frente do "Cemitério Paz Eterna", assim que ele parou nós corremos para trás de um carro funerário; ele saiu do carro, olhou para os lados, abriu os grandes portões de ferro e entrou.
Não sabíamos o que ele estava fazendo lá dentro, pois o sol já estava forte e não ousávamos sair de trás do carro.
Quando deu meio dia tínhamos que voltar para casa e saímos devagar para que ele não visse.
Mas, não contávamos com o que iria acontecer...
Às 15:30 da tarde minha mãe me chamou dizendo que Cláudia estava no telefone querendo falar comigo e a notícia que recebi ao atender era inacreditável.
Cláudia chorava e falava ao mesmo tempo, ela me disse que havia perdido um de seus brincos e que tinha quase certeza que o deixara cair na porta do cemitério.
Ela disse que Giovanna já sabia e que iríamos nos encontrar às 19:00 horas no mesmo lugar para procurar o tal brinco.
O nosso único problema era Ban; e se ele achasse? Com certeza iria nos ridicularizar na frente da turma e pior ainda, iria saber que o seguimos.
Cheguei à porta do cemitério as sete em ponto e elas já estavam lá, me esperando.
Passamos horas procurando, mas, não achamos nada. De repente, Giovanna me beliscou e disse:
- O que é aquele pontinho de luz?
Olhei para a direção em que ela estava olhando e chamei Cláudia correndo, quando ela chegou à única coisa que eu consegui dizer foi:
- Achamos seu brinco.
Por um segundo ela se alegrou, mas, quando ela olhou na direção que eu apontei o seu sorriso desapareceu em frações de segundo e ficamos algum tempo em "transe" olhando para dentro do cemitério onde em uma das covas o brinco reluzia por causa da lua.
Só caímos em si quando Giovanna assoviou, sabíamos que isso indicava perigo.
Ela falou para a gente se abaixar e ir para o canto do muro.
Chegando lá ela nos disse que Carlos Ban estava lá dentro, sorrindo e com uma pá na mão.
Rimos baixinho, achamos que aquilo era um tipo de alucinação.
Quem dera que fosse...
Já sabíamos onde estava o brinco, então resolvemos voltar no dia seguinte, de manhã cedo para pegá-lo.
Nos encontramos na escola e arquitetamos um plano.
Quando deu oito e meia Giovanna foi à secretaria alegando fortes dores; ela ligou para o meu celular e eu me passei pela mãe dela, liberando não só a ela, mas, a Cláudia e a mim mesma.
Não tínhamos muito tempo a perder, era pegar o brinco e ir embora para casa.
Assim que chegamos ao cemitério abrimos os portões e entramos.
Fomos direto para a cova onde estava o brinco, e ele estava lá.
Ficamos horas tentando achar uma explicação para o fato do brinco dela estar lá dentro se nem havíamos entrando; depois de algum tempo resolvemos ver que lápide era aquela e nela estava escrito: ” Karlus Bã / 05-10-1894 \ 22-06-1920." E ao lado do nome havia uma foto, uma foto do nosso professor de filosofia.
Aquilo nos fez rir, de medo.
Tínhamos um professor zumbi?
Começamos a andar pelo cemitério e os rostos dos quadros que colocaram nas paredes da escola estavam lá.
Paramos quando eu segurei Giovanna, não havíamos visto, mas, tinha três buracos recém-cavados bem à nossa frente, demos a volta para olhar e ver de quem seria.
Quando chegamos às lápides as nossas fotos estavam lá junto com nossa data de nascimento e a nossa data de morte, e nessa última constava aquele mesmo dia.
Tentamos correr ou gritar, mas, não tinha mais o que se fazer.
Estávamos mortas!


De: Giullianna Drukleim

4 comentários:

  1. CarolineM18/6/10

    Cara, na boa, Carlos Ban me dá medo! :s
    AHUSUHAS...

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  2. kkk.....gosto muito dos contos, venho ler sempre q posso e q tem novidades!!!!!!!!

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  3. Cruuuuzes D:
    Eu também tenho medo do Bam , ele tem mó cara de maníaco assassino

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  4. Anderson - 1004 manhã31/12/10

    Muito bom!!!

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