Páginas

9 de agosto de 2010

A Santa do Vestibular

Olá, meu nome é Clara, isso talvez não seja tão importante, mas o fato é que esse conto pode parecer engraçado e estranho.(Geralmente os contos daqui são estranhos não é mesmo?). Hum, sim eu estou enrolando um pouco. Ah é que não quero parecer uma boba, eu sou uma boba. (...)
Tá bom, vamos ao que interessa, eu sou uma pessoa muito indecisa. É, eu acho que sou. Eu sou?! Termino os estudos esse ano, e sabe aquele dilema que muitos estudantes enfrentam na hora de pensar em que profissão seguir? É, a maioria pensa nisso só no final ou no meio do 3° ano. Eu comecei na 5° série do fundamental. Eu? Precoce? Imagina, eu sou sim, acho, só um pouco.
Bem, eu sempre pensei em ser famosa sabe, quem nunca quis algo assim? Sempre quis estar rodeada de dinheiro e de pessoas beijando os meus pés. (Ah, eles são limpinhos poxa!). Você vai crescendo e aprendendo que esses tipos de sonhos ficam tão perto das ilusões que podem ser quase sinônimos entre si. Percebemos que hoje em dia precisamos ter os pés no chão, embora isso doa um pouco a mão... Sabe, estudar cansa.
Pensei em várias profissões, queria fazer algo que eu realmente goste mas, gosto de tantas coisas. Estou sem paciência para mais testes vocacionais. O resultado é sempre o mesmo, mas existem tantas profissões, por que escolher só uma? É tão triste ter que deixar as outras sozinhas. (não ria da minha cara). Sendo sincera com vocês, mesmo estando cansada eu não parei de fazer os testes, eles são legais, fazer o quê.

Hoje eu fui para escola como sempre, meu dia foi normal e aquela coisa toda que a rotina de estudante oferece. No intervalo fui entregar alguns documentos pendentes na secretaria, só havia um senhor na minha frente e eu aguardei. Enquanto esperava reparei numa santa que naquele ambiente ficava, provavelmente a maioria dos alunos passa todos os dias por ali e nunca se dão conta da tal santa. A roupa dela era meio cinza com detalhes azuis, suas mãos juntas, no seu coração, como se estivesse orando, tinha um véu de renda sobre sua cabeça e esse véu se estendia até seus pés, seus olhos castanhos e sua pele alva exalavam melancolia. Uma Bíblia, ali também havia uma Bíblia. Tentei ver o salmo em que estava, mas meus olhos começaram a coçar e vi as letras meio embaçadas, então resolvi olhar melhor depois.

Hum, mais um dia de aula, recebi um panfleto sobre vestibular, que saco! Achei que estava me livrando disso, minha mãe e meu pai me perguntaram mil vezes sobre o assunto. Tem coisa que cansa.
Estou na dúvida, como sempre, gosto de escrever, de ajudar as pessoas (isso me lembrou livros de auto-ajuda) acho as profissões glamurosas espetaculares, moda, comunicação, artes, mas me orgulho de profissões como medicina. - Oh vida cruel! Deus
Onde estás agora? (...)

Quase cai na entrada da escola, não foi divertido nem interessante. Você está rindo? É mais um daqueles mal educados não é? Sua desgraça virá! Ou não, talvez, é... se vier me conte.
Então, estudei, estudei e estudei. Sai mais cedo, sentei-me no banco perto da saída que ficava ao lado da Santa, comecei a pensar o que eu seria no futuro, terminaria eu em baixo da ponte? Comecei a sentir calafrios, fui tomada por medo e uma vontade de chorar. Olhei nos olhos da Santa e nesse momento as histórias da vovó católica me ajudaram a ter fé. Pensei eu: "Me ajude a tomar uma decisão". As letras começaram a se mover rapidamente nas páginas amarelas e antigas da Bíblia, fiquei um pouco tonta, mas não desviei o olhar. Apareceu ali “MEDICINA” repetida seguidamente várias vezes. Achando que era uma ilusão, esfreguei os olhos com força e ali continuava, a mesma coisa. Você pode me achar maluca ou burra, qualquer adjetivo ruim ou considerado ruim pela sociedade, porque as palavras não tem sentido diferente? Ah, não posso fugir do assunto. Bem, eu sai correndo. Sim, sai correndo como uma besta, um cavalo, uma égua! Como passar em medicina? Apenas estudei, muito, multipliquei o tempo dedicado os estudos por mil. Era melhor ir para a faculdade de Medicina do que ir parar em um hospício. Queria me ver em um hospício não é? Não, o fim não é você quem decide. Desculpe.

Hoje eu tenho 35 anos, não me chame de velha! Eu ouvi! Formei-me em Medicina, graças a Santa?!?!?! Não sei. Continuo indecisa, não sei o que realmente aconteceu. O que importa é que eu tomei uma decisão. Não? Você ainda quer saber sobre a Santa?
Por que você não tenta perguntar algo a ela. Quem sabe ela não lhe diz sua futura profissão...




De: Ange Lyn

3 comentários: