Há poucas pessoas e todas elas são estranhas; as luzes parecem ser esverdeadas e às vezes chegam a ser foscas.
O pátio mais se parece com um filme de terror...
Já imaginou um apagão à noite?
Eu passei por isso e posso contar ...
Era uma quarta-feira de muito calor, o relógio marcava 20:42, todos pingavam de suor.
O professor falava compulsivamente sobre a matéria do quadro, muitos bocejavam, alguns dormiam mas, um grito fez todos despertarem. Era o grito de uma garota e parecia que ela estava sentindo uma dor insuportável.
Todos se olharam, muitos riram mas, tornaram a fazer silêncio quando o grito se repetiu, mas dessa vez ele estava cheio de agonia. Parecia que ela estava sendo... sendo morta!
O professor não se conteve e foi até a porta, todos os alunos foram também; no corredor estavam todas as turmas do segundo andar, um olhava pro outro tentando entender o que estava acontecendo e de repente as luzes se apagaram! Estava tudo tão escuro que você não conseguia enxergar seus próprios pés.
Alguns alunos pegaram seus celulares para "iluminar" enquanto os professores tentavam guiar os alunos para a saída. Eu tentava voltar pra minha sala para pegar minha mochila, nem morta eu iria deixar meu celular novinho na sala...
Como eu estava bem perto da porta consegui entrar rapidamente e o fato de eu me sentar sempre na primeira cadeira da primeira fileira facilitou muito!
Logo achei minha mochila e com meu celular na mão fui me encontrar com os outros.
Cheguei bem perto do corredor que dava pra escada mas, meu celular descarregou. Fiquei completamente perdida, o jeito foi me sentar no chão e esperar algum barulho.
Um minuto, cinco minutos, dez minutos... minha paciência já havia se esgotado e quando eu me levantei pude ouvir um leve barulho, pareciam passos, na verdade eram passos e estavam bem perto de mim. Comecei a me guiar pelo som que ficava cada vez mais perto e de repente, parou!
Senti a impressão de estar entrando em algum lugar e pelo cheiro era o banheiro do segundo andar. Ouvi um leve sussurro mas, como não podia ver absolutamente nada e estava tremendo de medo eu coloquei minha mochila no chão e andei na ponta dos pés. Só parei quando ouvi um som um pouco estranho, senti que estava perto de uma parede, encostei-me nela e pude ver que o vasculhante da janela estava aberto e uma minúscula faixa de luz, vinda da lua, entrava por ela. Essa pequeniníssima iluminação me permitiu ver uma cena inacreditável: uma aluna estava com outra, já sem vida, em seus braços e sugava-lhe todo o sangue...
Bom, eu acho que foi isso que vi, se é que vi alguma coisa já que a luz da lua estava muito fraca.
Sentei no chão e tentei controlar minha respiração. Quando já estava me acalmando escutei um som, um bocejo talvez, e tentei olhar mas a lua já não estava mais ali e tudo o que vi foi escuridão.
Me encolhi completamente, mais parecia que eu queria entrar na parede. Senti um vulto passar por mim e segundo depois um barulho que lembrava um tombo.
Ela, a aluna vampira, havia tropeçado na minha mochila. Logo após a queda pude escutar o som de voz, era rouca e dizia:
- Hoje deve ser meu dia de sorte, terei até sobremesa!
Quando ela acabou de falar eu percebi que ela estava mais perto do que eu imaginava. Tentei me levantar para que ela não tropeçasse em mim mas, assim que me levantei eu senti a respiração dela batendo em meu rosto! Eu estava frente a frente com ELA!
Parei de respirar, peguei impulso e comecei a correr! Para onde? Eu não sabia e tampouco conseguia enxergar o caminho e por isso, enquanto corria feito louca eu batia em paredes e em portas, mas numa dessas "batidas" eu tropecei e rolei a escada de mármore.
Eu não conseguia me levantar, tudo doía.
Mas, ela estava perto, eu podia ouvir sua respiração e seus passos se tornando cada vez mais próximos, e mais próximos e mais próximos até que suas mãos extremamente frias tocaram meus tornozelos.
Ela me arrastou para uma sala, tudo indicava ser a sala dos professores, e cravou seus caninos em meu pescoço, não tive forças para gritar e nem para reagir.
Eu acabaria morta como aquela outra menina. Mas, eu estava com sorte, ou não, e o sol começou a nascer.
A aluna vampira correu enquanto sua pele derretia e eu lutava para retornar à vida.
Me tornei uma vampira, como ela e nunca mais a vi. Creio eu que ela tenha derretido completamente por causa do sol.
Agora, eu sou uma estudante aplicada, meiga e sedenta por sangue.
Como ainda não derreti no sol? Bom, acho que só faz efeito depois da primeira "refeição". Tome cuidado para não esbarrar comigo em um corredor deserto ou no meio de um apagão.
Você pode ser minha primeira vítima!!
De: Giullianna Drukleim